sábado, 13 de agosto de 2011

Bonito, Jardim e Bodoquena (MS) - Brasil.

O município de Bonito localiza-se a sudoeste do estado de Mato Grosso do Sul em meio a rica biodiversidade da Serra da Bodoquena. Saindo da capital Campo Grande são cerca de 260km pela BR262, BR419 e MS-345, num trajeto que começa com o movimento e barulho da capital e lentamente se transforma nas pacatas rodovias do interior.

Rota de Campo Grande para Bonito (acima); 
Bonito para Bodoquena (abaixo à esq.);
 e Bonito para Jardim (abaixo à dir.). (GoogleEarth)

Com população estimada em pouco menos de 18230 habitantes (2007) o município é conhecido mundialmente pelo ecoturismo, sendo suas principais atrações as paisagens naturais como grutas, rios de águas "transparentes", cachoeiras e a rica fauna e flora local. É impressionante a organização da cidade para receber os turistas, sendo necessário o agendamento antecipado das áreas que pretende visitar. Não deixe para reservar o seu voucher (ticket de entrada nos parques) de última hora, principalmente na alta temporada. A reserva do voucher deve ser feita em agências de turismo, onde é conferida a disponibilidade do passeio. Fui muito bem atendido na Agência Ar (www.agenciaarbonito.com.br), onde meses antes de viajar escolhi os passeios que gostaria de fazer, reservei o hotel e aluguei um carro. Vale ressaltar que o hotel e o carro procurei por sites fora da agência e mesmo assim eles intermediaram as reservas, desta forma fica claro que o pessoal da agência não "força" a escolha de nada.

O hotel escolhido foi o Paraíso das Águas (Rua Cel. Pilad Rebuá, 1884 / www.paguas.com.br) por causa do custo-benefício. Além do preço atraente, localiza-se na área central de Bonito (perto dos melhores restaurantes, bares e todas as lojas de artesanato). O quarto onde ficamos (duplo) era espaçoso e o café da manhã era bom.

Referente aos passeios, o município é recheado de paisagens lindas prontas para serem visitadas. Sugiro que escolha os pontos de visita de acordo com o tempo de duração de cada passeio, lembrando que os pontos não são muito perto uns dos outros e as estradas que os ligam ao município são na sua grande maioria estrada de chão. Passei uma semana entre Bonito, Jardim e Bodoquena e vou ponderar algumas considerações sobre os pontos que visitei.

Dia 1: Chegamos em Bonito no final da tarde, tendo em vista que o dia foi consumido no trecho aéreo Porto Alegre/Campo Grande e no trajeto de carro Campo Grande/Bonito. Aproveitamos o final da tarde para caminhar no centro da cidade, onde há uma fonte com a figura de dois dourados gigantes. Jantamos no Pantanal Carnes Exóticas (Rua Cel. Pilad Rebuá, 1808), um ótimo restaurante que dentre os pratos principais serve um combinado com carnes de jacaré, avestruz, capivara e queixada. Depois da janta fomos a Cachaçaria Taboa (Rua Cel. Pilad Rebuá, 1837 / www.taboa.com.br), um local descontraído com música ao vivo e diversas bebidas feitas com a cachaça artesanal da casa, vale a pena curtir uma noite lá.

Chafariz na área central de Bonito.

Dia 2: Visitamos a Gruta do Lago Azul e as Grutas de São Miguel, localizadas a 20 e 17km de Bonito, respectivamente. O caminho é quase todo por estrada de chão de boa qualidade. Na Gruta do Lago Azul, ao chegar no receptivo recebemos um capacete e iniciamos uma caminhada de cerca de 300m até chegar a entrada da caverna onde descemos cerca de 300 degraus cavados na terra. No fundo da caverna há um lago com água cristalina que ganha uma coloração azulada por causa da entrada dos raios de sol. Um lugar espetacular! Todos os viajantes que passam pela região tem a obrigação de visitar. O passeio dura cerca de 1h40min e o custo é de R$36,00. Ainda no período da manhã, fomos visitar as Grutas de São Miguel que ficam a poucos quilômetros da Gruta do Lago Azul. Depois de um vídeo com a apresentação das grutas, recebemos um capacete e uma lanterna. O passeio seguiu com uma caminhada numa ponte pênsil pela copa das árvores por cerca de 200m e mais um trecho de trilha pela mata até chegar a entrada da gruta. A gruta é cheia de formações calcárias milenares como estalactites, estalagmites, formas de corais, pilastras, dentre outras. Após mais um trecho de trilha pela mata, retornamos para a sede com um carro de apoio. O passeio dura cerca de 1h30min e o custo é de R$25,00. Voltamos para a cidade para almoçar e em seguida fomos ao Passeio do Bote Iberê, que fica a 12km de Bonito numa estrada de chão um pouco "mal cuidada". Chegando no receptivo recebemos um colete salva-vidas e iniciamos o passeio de 6km em bote inflável no Rio Formoso, descendo corredeiras e pequenas cachoeiras com paradas para banho. Todo o trecho do rio é rodeado pela mata intocada onde é possível ver um pouco da fauna e flora local. O passeio termina com o desembarque na Ilha do Padre onde há diversos pontos para banho no rio, além de lanchonete, banheiros e vestiários. É um passeio com duração de meio dia, com custo de R$70,00. À noite fomos jantar no restaurante O Casarão (Rua Cel. Pilad Rebuá, 1835), onde servem um rodízio de peixes muito bom.

Gruta da Lagoa Azul.
Gruta de São Miguel.

Dia 3: Saímos em direção a Fazenda São Geraldo, que fica a 18km de Bonito em boa estrada de chão. Nesta fazenda é feita a flutuação no Rio Sucuri, um dos rios de águas mais cristalinas do mundo. Ao chegar no receptivo recebemos o equipamento e nos dirigimos para uma caminhada de 500m pela mata para conhecer a nascente do rio, numa área muito bonita e preservada. Na flutuação, de quase 2km, pode-se ver a variedade da flora subaquática além de diversos cardumes de peixes como piraputangas e pacus. Depois de algumas horas retornamos a sede da fazenda para o almoço com comida típica da região. Há uma boa infra-estrutura na fazenda, com vestiários, redário, piscina e restaurante. É um passeio com duração de meio dia, com custo de R$151,00. À tarde fomos descansar na Praia da Figueira, distante 14 km de Bonito. Trata-se de uma área onde era feita a extração de calcário e posteriormente foi criado um lago artificial rodeado por areia branca e coqueiros, como se fosse uma praia. Se você pretende descansar é um lugar ótimo para deitar na beira do lago onde também há um bar que serve alguns petiscos e bebidas. O custo de entrada no parque é de R$30,00. Na minha opinião é um local que destoa um pouco da beleza natural que toda a região tem a oferecer, se não tiver muito tempo escolha outra opção. À noite saímos com alguns amigos que conhecemos nos passeios. Fomos ao Ocas bar (Rua Cel. Pilad Rebuá, 1996), um local interessante, mas se tiver pouco tempo na cidade vá na Cachaçaria Taboa.

Flutuação no Rio Sucuri.

Dia 4: Neste dia por causa de desentendimentos entre a agência e um dos passeios escolhidos fizemos quase 40km em estrada de chão horrível, e ao chegar no ponto descobrimos que naquele dia o passeio não era feito. Retornamos a agência e após relatar o ocorrido, trocamos o passeio cancelado pelo Parque das Cachoeiras e ganhamos o Bóia Cross de brinde. Seguimos para o Parque das Cachoeiras somente à tarde, são 17km por estrada de chão. Chegando no receptivo há vestiários e uma área grande com um bar/restaurante onde no fim do passeio é servido um café da tarde. São cerca de 2km de trilhas entre a mata ciliar ao Rio Mimoso onde são contempladas sete lindas cachoeiras. Além do banho de rio, numa das cachoeiras há uma carretilha. É um passeio com duração de meio dia com custo de R$96,00. Imperdível para todos que gostam de conviver em meio a natureza. À noite fomos comer no Vício da Gula (Rua Cel. Pilad Rebuá, 1852), uma lanchonete que serve hambúrguer com carne de jacaré, uma peculiaridade que deve ser provada.

Parque das Cachoeiras: Cachoeira do Sol.
Parque das Cachoeiras:  Cachoeira do Sinhozinho.

Dia 5: Saímos em direção a Jardim por um trajeto praticamente todo asfaltado de 56km, onde faríamos a Flutuação no Rio da Prata. No caminho pode-se ver bandos de papagaios na copa das árvores e grandes fazendas de gado. Na minha opinião um ponto que não deve deixar de ser visitado de maneira alguma, se tiver que escolher uma só flutuação, não pense duas vezes e escolha essa. Chegando no receptivo recebemos o equipamento todo e fomos levados de camionete até o ponto onde iniciava a trilha de cerca de 40min. Neste caminho a fauna e flora da região são contempladas a todo o momento, são araras, seriemas, papagaios, tucanos e com muita sorte (como a que tivemos) jacarés e antas. Chegando no rio começamos a flutuação que dura cerca de 1h20min, onde pode-se ver grande quantidade e variedade de peixes de todas as cores e tamanhos, incluindo cardumes de grandes dourados (o ponto alto da flutuação). Num dos pontos da flutuação pode-se tocar na nascente do Rio Olho d'água, um local curioso onde a água borbulha do fundo do rio (a cerca de 3m de profundidade). Na volta a sede saboreamos um ótimo almoço com comidas típicas da região, e depois há vários pontos para descanso nos redários. O passeio dura todo o dia e o custo é de R$132,00. Vale a pena ressaltar, não perca a oportunidade de conhecer este lugar. Sugiro que no fim da tarde visite o Buraco das Araras, distante 5km do passeios do Rio da Prata. O Buraco das Araras é uma enorme cratera sitiada em meio ao cerrado, escolhido como moradia de grande número de araras, principalmente as Araras Vermelhas. O fim da tarde é quando as araras começam a retornar para seu lar, então é o melhor horário para vê-las. O passeio pela cratera dura cerca de 45min e tem custo de R$25,00. À noite fomos jantar no Cantinho do Peixe (Rua 31 de março, 1918), um ótimo restaurante (premiado várias vezes pela revista Quatro Rodas) que serve peixes da região num ambiente simples e aconchegante.

Passeio do Rio da Prata: Caturritas.
Passeio do Rio da Prata: Dourados.
Passeio do Rio da Prata:  nascente do Rio Olho d'água.
Buraco das Araras.

Dia 6: Saímos em direção a Bodoquema por um trajeto de 59km de estrada de chão horrível em grande parte do percurso onde fomos visitar o parque da Boca da Onça (www.bocadaonca.com.br). No trajeto pudemos avistar vários bandos de tucanos, papagaios e algumas seriemas e pica-paus. Chegando no passeio fomos encaminhados a sede (muito grande e bonita) de onde começamos o passeio. Uma camionete nos levou até o início da trilha, de aproximadamente 3km passando por 11 cachoeiras. A trilha é feita na mata preservada e tudo é muito bem organizado, no meio do caminho há um quiosque onde é possível abastecer o estoque de água. Em algumas das 11 cachoeiras é possível tomar banho. O passeio reserva para o fim a grande atração, a Boca da Onça, a maior cachoeira do estado com 156m de altura. Em pode-se escolher entre um carro de apoio ou uma escadaria com 886 degraus onde contempla-se a beleza da região num ponto onde é possível fazer rapel ao lado da Boca da Onça. Voltando a sede, foi servido o almoço típico da região e depois pudemos descansar no redário. Há também piscinas com peixes da região além de alguns lugares para banho e hidromassagem. Esse é um passeio imperdível para amantes da natureza, o lugar é maravilhoso em todos os aspectos. É um passeio para o dia todo e tem custo de R$110,00.

Parque Boca da Onça: Boca da Onça. 
Parque Boca da Onça: Cachoeira do Fantasma.

Dia 7: Não tínhamos reservado nada para este dia pois íamos ter que retornar a Campo Grande para pegar o vôo de volta a Porto Alegre. Aproveitamos a manhã livre para fazer o Bóia Cross que ganhamos da agência. O passeio é feito dentro da imediações do Hotel Cabanas (www.hotelcabanas.com.br) que fica a 6km de Bonito. Neste hotel há animais soltos que harmonizam com as pessoas (tucanos, emas, cotias, dentre outros...), há também várias coisas para fazer, como arvorismo, flutuação, várias trilhas, etc. Quem for viajar com crianças, vale a pena pesquisar o valor deste hotel. Chegando no receptivo recebemos um capacete e coletes salva-vidas. De camionete fomos até as margens do Rio Formoso onde é feito o passeio que consiste em uma bóia individual para cada pessoa que vai descendo pelas corredeiras e algumas pequenas cachoeiras. É um passeio interessante que dura cerca de 40min e custa R$40,00. Após o passeio retornamos ao hotel para buscar as coisas e fomos almoçar no Rei do Jacaré um bom restaurante  que se localiza na entrada de Bonito. Depois do Almoço retornamos a Campo Grande onde nossa viagem finalizou.

Tucano no Hotel Cabanas.

Comentários finais: Bonito é um lugar maravilhoso! Se você for um amante da natureza, esqueça os grandes centros e vá logo conhecer Bonito. Se tiver com pouco tempo, há pontos que não podem deixar de serem visitados, como a Gruta do Lago Azul, a Flutuação no Rio da Prata e escolha entre o Parque das Cachoeiras e a Boca da Onça. Aproveite essa viagem para relaxar e aproveitar ao máximo as belezas que a natureza tem pra te oferecer. Vale lembrar que nas flutuações é expressamente proibida a utilização de protetor solar e de repelentes contra mosquitos (que literalmente te devoram), para não afetar a qualidade e composição das águas. Dentro do rio não pode tocar o chão com os pés, para não deixar a água turva.
OBS: As referências de preço e horários no texto, são da época da viagem (fev. de 2010). 

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